Conheça o FIXA11, o ETF de renda fixa da Mirae Asset
Em setembro de 2018, a gestora coreana Mirae Asset lançou o primeiro ETF de renda fixa do mercado brasileiro, o FIXA11 (antes chamado de FIXA-ETF01L1). A partir de agora, vamos tirar todas as dúvidas sobre como funciona essa nova opção de investimento.
O FIXA11 é um fundo de índice (ETF ou Exchange Traded Fund, na sigla em inglês) cujas cotas começaram a ser negociadas na bolsa de valores em 10 de setembro.
Trata-se de uma aplicação que reproduz o comportamento de um índice formado por contratos de DI futuro de três anos (aplicações que refletem as expectativas do mercado para a taxa de juros brasileira). Seus principais diferenciais são:
- taxa de administração de 0,30% ao ano: o valor é bem mais baixo que o dos fundos de renda fixa tradicionais do mercado, cujas taxas ficam perto de 1% ao ano, mas podem chegar a 3% ao ano nos grandes bancos;
- aplicação mínima mais acessível: no momento do lançamento do ETF da Mirae Asset era possível comprar uma cota desse ativo a R$ 10, um valor muito menor do que as aplicações mínimas de boa parte dos fundos de renda fixa no mercado. Hoje, o valor mínimo para investir é de cerca de R$ 10,50;
- imposto menor: não há come-cotas e nem IOF regressivo. A alíquota de Imposto de Renda (IR) é única: 15% sobre o lucro, independente do prazo da aplicação. Ela incide apenas sobre o resgate do valor investido.
Como ainda se trata de uma novidade no mercado, existem algumas dúvidas sobre as vantagens e desvantagens de investir em um ETF de renda fixa. Vamos esclarecer as principais a seguir.
Veja mais: Conheça todos os ETFs listados na bolsa de valores!
Contents
O que é um ETF de renda fixa?
Um ETF de renda fixa é um tipo de fundo de investimento (fundo de índice) cujas cotas são negociadas na bolsa de valores. Ou seja, o valor dessas cotas pode oscilar.
Tal como os fundos de investimento, um ETF também cobra uma taxa de administração. Porém, como sua estratégia consiste em acompanhar um índice em vez de superá-lo, o valor dessa taxa é mais baixo comparado aos fundos de investimento tradicionais.
O FIXA11 foi o primeiro investimento de sua categoria no Brasil. Em maio de 2019, o Tesouro Nacional lançou seu ETF de renda fixa oficial: o IMAB11.
Esse tipo de aplicação é uma alternativa para quem busca investimentos relacionados à taxa de juros no Brasil. Outras opções que já ofereciam possibilidade semelhante são:
- Tesouro Selic;
- CDB, LC, LCI ou LCA com rendimento de 100% do CDI;
- NuConta.
Quais as vantagens e desvantagens de um ETF de renda fixa?
A principal característica de um ETF é replicar o comportamento de um índice de referência, seja ele de renda fixa ou de renda variável.
Assim, não importa para onde o índice vá, o ETF sempre refletirá o seu desempenho.
Outra característica dos ETFs é a negociação das suas cotas na bolsa de valores. Isso traz as seguintes vantagens:
- investimento mínimo mais baixo: os ETFs permitem acessar uma cesta de diversos ativos com aplicações de valor bem mais baixo. Sai muito mais barato do que comprar cada ativo de forma separada;
- alíquota de IR menor: os ETFs têm uma alíquota de IR de 15%, independente do prazo da aplicação;
- sem come-cotas: diferente dos fundos de renda fixa tradicionais, não há incidência do come-cotas, que funciona como uma espécie de antecipação do IR e é cobrado a cada semestre.
- fácil acesso: para comprar e vender as cotas dos ETFs, basta ter uma conta em uma corretora;
- transparência: é possível acompanhar em tempo real o preço das cotas dos ETFs pelo sistema de negociação da bolsa de valores, acessado por meio das corretoras (home broker).
As principais desvantagens são:
- liquidez: alguns ETFs de índices menos conhecidos apresentam menos liquidez, o que pode dificultar as operações de compra e venda;
- oscilação de preços mais aparente: qualquer ETF sobe e desce segundo o seu indicador de referência, na mesma proporção. Assim, se o Ibovespa estiver em queda, por exemplo, o seu ETF correspondente também terá o mesmo comportamento. No caso de um ETF de renda fixa, ele refletirá a chamada marcação a mercado dos títulos (o preço que o mercado está pagando em um determinado momento por esses ativos). Esse preço também costuma subir ou cair, dependendo de fatores relacionados ao cenário econômico no país.
Como funciona o ETF de renda fixa da Mirae Asset?
A gestora coreana Mirae Asset foi a primeira a lançar no mercado brasileiro um ETF baseado em um índice de renda fixa. O produto foi formatado em parceria com a provedora de índices S&P Dow Jones.
Eu fui pessoalmente até a Mirae Asset para conversar com diretor de investimentos, André Pimentel, e solucionar as principais dúvidas sobre esse assunto. O resultado você vê a seguir:
André Moura Pimentel
Mirae Asset
Diretor da equipe de Investimentos da Mirae Asset Brasil e gerente de Portfolio das estratégias de Renda Fixa e Moedas.
Com mais de 12 anos de experiência no mercado financeiro, já atuou como gestor de Renda Fixa e Hedge Funds na Caixa Econômica Federal.
Magnetis Investimentos: O que é o ETF de renda fixa lançado pela Mirae Asset?
André Pimentel: ETF é a sigla para Exchange Traded Fund (fundo negociado em bolsa ou fundo de índice). O ETF da Mirae Asset é um produto que está exposto à taxa de juros prefixada de três anos (contratos futuros de DI), de modo que a alíquota de Imposto de Renda fique sempre em 15% sobre o lucro.
MAG – Por que três anos?
AP – Esse trecho da curva de juros oferece um prêmio maior, considerando as mudanças que podem acontecer no país em três anos.
Além disso, para termos uma alíquota fixa de 15% de Imposto de Renda, é necessário que os ativos tenham prazo de vencimento acima de dois anos, ou 720 dias (veja mais sobre a tributação de investimentos).
Normalmente, o trecho de três a quatro anos da curva de juros é um trecho com mais liquidez. Se você alonga muito o prazo, você tem muito mais volatilidade e o retorno não vem na mesma proporção.
MAG – Qual é o risco de investir no ETF de renda fixa da Mirae Asset?
AP – É o risco do país. Basicamente, os ativos estão investidos em operações compromissadas e títulos públicos pós-fixados. O investimento no Tesouro Direto é garantido pelo próprio Tesouro Nacional. Aqui, é a mesma coisa. O caixa do nosso ETF é garantido pelo Tesouro Nacional. A garantia é bem maior que a do FGC, que é um fundo que tem capital limitado.
MAG – Qual é a expectativa de demanda por esse ETF?
AP – Estamos bastante otimistas. O início é um pouco mais complicado, nem todas as corretoras concluíram o cadastro para disponibilizar esse ETF, mas nos próximos meses deve estar tudo pronto.
Temos três públicos muito claros e que devem apresentar demanda em um curto espaço de tempo: pessoa física; investidores institucionais (empresas e fundos de investimento), que gostam de ter algo que eles possam fiscalizar de forma mais efetiva; e investidores estrangeiros.
Mais um ponto: quando analisamos o índice em que é baseado o nosso ETF, vemos que ele é extremamente competitivo nos últimos dez anos em relação a diversos indicadores, especialmente quando olhamos a relação entre retorno e volatilidade. Temos falado em atingir R$ 10 bilhões em investimentos em dois anos. Não achamos que seja uma meta ambiciosa.
MAG – Esse ETF compete diretamente com o Tesouro Direto?
AP – Ele compete com basicamente todos os produtos de renda fixa em geral e de renda variável em menor magnitude.
MAG – A ideia é facilitar a vida do investidor pessoa física, principalmente?
AP – Mesmo investidores institucionais, que operam bastante no mercado secundário de títulos públicos.
É claro, rentabilidade passada não garante retorno futuro, mas precisamos usar algo como referência. E quando fazemos uma análise do que aconteceu com o índice [no qual o produto é baseado] nos últimos dez anos, chegamos à conclusão de que ele é muito competitivo nos mais diversos cenários.
Passamos por quase tudo o que dá para passar nos últimos dez anos, é um período que dá para usar como referência para várias coisas.
O gráfico a seguir foi elaborado pela Mirae Asset e mostra a performance do índice utilizado na estruturação do ETF de renda fixa da gestora. O período de análise vai de julho de 2008 a julho de 2018.
Base de dados: Bloomberg/julho de 2018A performance do índice nesse período foi de 151% do CDI. No entanto, como você vê nas tabelas a seguir, a volatilidade foi quase cinco vezes superior:
Mais uma opção para investir em renda fixa
A maioria dos brasileiros não investe. Segundo a Associação Brasileira dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), 42% da população tinha dinheiro guardado em 2017, sendo que 9 entre 10 dessas pessoas tinham dinheiro na poupança.
A segurança é o principal motivo que leva as pessoas a aplicarem seu dinheiro. E é nesse ponto que um ETF de renda fixa pode ajudar.
Além de simplificar o acesso a aplicações sofisticadas, ele também permite algo que nós consideramos crucial aqui na Magnetis: uma melhor diversificação de investimentos.
Agora que você entende um pouco mais sobre como funciona o FIXA11, o primeiro ETF de renda fixa do mercado brasileiro, que tal conhecer mais sobre outros tipos de investimento? E se você ficou com alguma dúvida, deixe aqui nos comentários a sua pergunta ou compartilhe conosco a sua experiência! 😀
Malena Oliveira é jornalista especializada em Finanças Pessoais e redatora na Magnetis.