ETF de renda fixa: saiba tudo sobre esta novidade
Recentemente, quem se interessa pelo mercado de ETFs ganhou uma nova alternativa: o ETF de renda fixa. A sigla vem do inglês e significa Exchange Traded Fund, ou fundo negociado em bolsa de valores.
O grande diferencial de um ETF de renda fixa é ser um investimento seguro e fácil de comprar e vender. Atualmente, existem várias opções, mas os dois primeiros ETFs de renda fixa do mercado brasileiro foram:
- FIXA11: ETF estruturado pela gestora coreana Mirae Asset, que estreou na B3 em setembro de 2018. Sua taxa de administração é de 0,30% ao ano;
- IMAB11: ETF estruturado pela Itaú Asset Management em parceria com o Tesouro Nacional. Começou a ser negociado em maio de 2019 e é considerado o ETF oficial dos títulos públicos. Sua taxa de administração é de 0,25% ao ano.
Veja mais: Confira todos os ETFs listados na bolsa de valores!
Ambos os ETFs prometem ser alternativas bastante atraentes para quem investe valores menores, principalmente por serem mais simples que os fundos de investimento tradicionais e terem taxas mais baixas.
Para você ter uma ideia, 65% do patrimônio da indústria de fundos brasileira está atrelado à renda fixa. Hoje em dia, um fundo de renda fixa de um grande banco cobra, em média, 2% ao ano de taxa de administração.
No entanto, investir em ETFs de renda fixa custa 8 vezes menos, como você verá mais adiante. Além disso, o Imposto de Renda é de 15% sobre o lucro, independentemente do prazo da aplicação.
Conhecendo essas novas opções, será que vale a pena investir em um ETF de renda fixa? É isso o que você vai entender a partir de agora!
Neste post, vamos dar mais detalhes de como essas aplicações funcionam e o que vale mais a pena: Tesouro Direto, renda fixa privada ou ETF de renda fixa. Continue conosco e entenda mais sobre o assunto!
Veja mais: ETF – vale a pena investir? Confira as principais perguntas e respostas
Contents
O que é um ETF?
Como já mencionamos, um ETF é um tipo de fundo de investimento. Só que, diferentemente dos fundos tradicionais, ele replica a composição de algum índice de mercado, daí o nome “fundo de índice”.
Por exemplo, o BOVA11 é um ETF que tem como referência o Índice Bovespa. Veja outros exemplos:
- BRAX11: replica o índice que reúne as ações das 100 maiores empresas brasileiras em valor de mercado;
- SMAL11: reproduz o índice das ações das companhias em ascensão e que, atualmente, têm baixa capitalização na bolsa (Small Caps);
- IVVB11: reproduz o índice S&P 500 (que reúne as ações das 500 maiores empresas dos EUA) no Brasil, mais a variação do câmbio;
- PIB11: reproduz o comportamento das 50 ações mais negociadas na bolsa;
- DIVO11: replica o índice das empresas que pagam dividendos.
- TECB11: replica o índice das empresas de tecnologia com foco no mercado brasileiro.
Assim, um ETF é uma cesta de ativos. Isso quer dizer que, com apenas um produto, é possível diversificar os investimentos. Essa, inclusive, é uma das estratégias mais importantes para proteger o seu patrimônio e, ao mesmo, trazer mais consistência para a rentabilidade das suas aplicações financeiras.
Por exemplo, uma pessoa que adquire cotas do fundo BRAX11 terá como referência o IBrX-100, índice que replica o retorno de uma carteira teórica composta pelas 100 ações mais negociadas na bolsa de valores.
Ou seja, quem aplica nesse fundo tem acesso a 100 diferentes ações por um custo muito menor do que comprar cada ação de forma direta. É por isso que os especialistas afirmam que investir em ETFs é um jeito bem mais eficiente de aplicar o seu dinheiro.
Por que investir em ETFs?
Agora que você já viu o que é um ETF, não é difícil entender por que essa modalidade de investimento é tão interessante. Afinal, uma opção que favorece a diversificação com baixo custo não pode ser ignorada, não é?
Sem dúvidas, a principal vantagem de se escolher um ETF é mesmo poder, com uma única aplicação, investir em ações de diversas empresas.
Mas isso não é tudo! Há muitas outras razões a serem destacadas, especialmente o baixo valor do investimento mínimo exigido. Hoje, boa parte dos ETFs negociados na bolsa exige uma aplicação mínima inferior a R$100.
Outro grande diferencial dos ETFs é a ausência da figura de um gestor do fundo. Como essas aplicações são montadas apenas para reproduzir o comportamento de um índice, não há a necessidade de contar com um profissional para tomar decisões de compra e venda. Desse modo, nenhuma ação será tomada nem em caso de queda, nem em caso de valorização desses papéis.
Vale lembrar que esse estilo de administrar investimentos (conhecido como gestão passiva) é uma forma de aplicação já consolidada no mercado no exterior. Para você ter uma ideia, as empresas americanas BlackRock e Vanguard — as maiores do mundo — gerenciam nada menos do que 11 trilhões de dólares por meio de seus ETFs.
Atualmente, existem 23 ETFs listados na bolsa brasileira, todos baseados em índices de ações. Isso, com a exceção, é claro, das opções de renda fixa mencionadas no início deste post, que são os primeiros investimentos dessa categoria a serem negociados no Brasil.
Como funciona um ETF de renda fixa?
Entender o funcionamento de um ETF de renda fixa é o primeiro passo para conseguir bons resultados. Assim, logo de início, você precisa saber que eles replicam índices de investimentos de renda fixa — títulos públicos e privados prefixados ou atrelados a indicadores de inflação, por exemplo.
O FIXA11, o fundo de índice da Mirae Asset, é composto por ativos referenciados na curva de juros futuros (curva de DI). A taxa de administração, como vimos, é de 0,30% ao ano.
O IMAB11, ETF de renda fixa gerido pelo Itaú em parceria com o Tesouro, tem como referência o IMA-B (Índice de Mercado Anbima). Esse índice replica o comportamento dos títulos do Tesouro IPCA+ (as antigas NTN-Bs).
Assim, esse ETF consegue capturar o comportamento de todos os títulos do Tesouro relacionados à inflação que estão sendo negociados no mercado. A taxa de administração é de 0,25% ao ano, mesmo valor cobrado de quem investe de forma direta nos títulos do Tesouro Direto.
Qual é a diferença para um ETF de renda variável?
O ETF de renda variável, também conhecido como ETF de Ações, tem um funcionamento bem parecido com o de renda fixa. Na verdade, a diferença central está mesmo no índice de referência, que pode ser qualquer índice de ações reconhecido pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Tais índices permitem que a pessoa que investe avalie como um grupo de ações se comportou em relação a outro grupo ou à sua carteira de ações. Isso ocorre porque eles são calculados com base em uma carteira de ações teórica — ela existe apenas para mensurar o desempenho dos ativos.
E como é a negociação das cotas do ETF de renda variável? Simples: tudo ocorre no pregão da bolsa de valores, assim como as ações. Dessa maneira, é possível observar as mesmas oscilações.
Em relação à gestão, esta é executada por um profissional especializado. Todos os dias, ele precisa acompanhar o mercado e comprar e vender o que for necessário para assegurar os melhores resultados para o fundo.
E como acompanhar as cotações? Nesse caso, diferentemente do que ocorre com fundos tradicionais, quem investe pode conferir o valor das cotas em tempo real e de forma simples, bastando observar as cotações que a B3 divulga ao longo do dia.
Ainda não está claro para você? Veja, a seguir, alguns exemplos de ETFs de renda variável!
ECOO11
Esse ETF tem como referência o Índice Carbono Eficiente (ICO2). Ele foi lançado em 2011, sendo administrado pelo Banco BNP Paribas e gerenciado pela Black Rock Brasil. Quem deseja investir nele precisa comprar um lote mínimo de 100.000 cotas.
É interessante dizer que ele é formado pelas ações das empresas que participam do índice IBrX50, isto é, que adotam práticas transparentes relacionadas à emissão de gases do efeito estufa. Para tanto, o mínimo de 95% do patrimônio é investido em ações do ICO2.
Sobre a sua rentabilidade, a variação experimentada em 2021 é positiva em 0,53%. Na prática, quem aplicou R$10 mil em 01 de janeiro, por exemplo, teve um lucro de R$53. Ou seja, tem em mãos R$10.053,00.
BOVA11
Esse ETF foi criado em 2008 e tem como referência o Índice Bovespa. Seu administrador também é o Banco BNP Paribas, assim como o gestor é a Black Rock Brasil. Para investir, é preciso comprar lotes a partir de 50.000 cotas.
Em 2021, ele ostenta uma variação positiva de 4,11%. Portanto, quem aplicou R$10 mil em 1 de janeiro teve um lucro de R$411. Ou seja, tem, à sua disposição, o valor de R$10.411,00.
DIVO11
Esse ETF busca refletir o desempenho do Índice Dividendos (IDIV). Criado em 2012, ele é administrado e gerenciado pelo Itaú Unibanco e aceita compras de lotes a partir de 50.000 cotas.
Sobre os resultados, no ano de 2021, temos uma variação positiva de 1,42%. Seguindo os exemplos, quem investiu a quantia de R$10 mil conseguiu um lucro de R$142 e, hoje, tem R$10.142,00.
TECB11
Na Magnetis, investimos há anos no setor de tecnologia do mercado americano e, queríamos ter a mesma alocação no Brasil. Assim, criamos o TECB11, um ETF que reúne as principais empresas de tecnologia com foco no Brasil.
Atualmente a cesta é composta por 27 empresas do segmento, que tem suas ações ou BDRs listadas na B3. O índice que o TECB11 replica possui exposição a três segmentos dentro do setor de tecnologia com foco no mercado brasileiro:
- intermediação financeira (financial deepening)
- e-commerce
- software, hardware e dados.
As 5 maiores posições são: MercadoLivre, Stone, PagSeguro, Magalu e Inter. A taxa de administração é de 0,6% a.a.
ETF de renda fixa: quais as vantagens?
Você já sabe o que é ETF de renda fixa e até já entendeu a diferença entre ele e o ETF de renda variável. Agora, deve estar se perguntando: afinal, quais são as vantagens de escolher essa modalidade de investimento?
Toda pessoa que busca conquistar bons resultados no mundo das aplicações financeiras precisa avaliar o cenário com atenção antes de tomar suas decisões. Exatamente por isso, trouxemos os pontos positivos que você precisa conhecer. Confira!
1. Taxa de administração mais baixa
A primeira vantagem de um ETF de renda fixa é o baixo valor da taxa de administração — quando comparado aos fundos de renda fixa tradicionais negociados no mercado.
No caso do FIXA11, a taxa não ultrapassa 0,30% ao ano. Enquanto isso, os fundos DI dos grandes bancos têm taxas de administração que corroem os lucros e chegam a 1% ao ano.
Portanto, estamos falando de uma opção mais barata para investir. Na prática, uma parcela maior dos seus rendimentos fica com você!
2. Mais diversificação
Como já destacamos, ao escolher um ETF de renda fixa, você terá acesso a uma carteira com diferentes títulos públicos ou privados. A diversificação é uma estratégia de sucesso e sempre aconselhável.
É interessante dizer que esse modelo dá, ainda, a vantagem de fazer negociações únicas. Em outras palavras, não é preciso vender e comprar cada título separadamente. Com apenas uma operação, tudo está resolvido.
3. Investimento mais barato
Você já deve ter entendido que o ETF é um investimento que exige baixo valor inicial. Isso democratiza o acesso a boas opções, permitindo que até mesmo quem tem pouco dinheiro consiga investir.
4. Mais flexibilidade na hora de comprar e vender
Flexibilidade é uma palavra que também define o ETF de renda fixa. Isso, porque quem investe não fica preso aos títulos adquiridos e pode comercializá-los livremente no mercado — como se fossem ações.
Em resumo, como eles são negociados todos os dias na bolsa de valores, é fácil comprar ou vender as cotas. Além disso, é possível acompanhar alterações da carteira teórica sem a necessidade de negociar os títulos.
5. Imposto menor
Quem investe está sempre atento à incidência de tributos sobre seu rendimento. Quanto a isso, temos uma boa notícia: no ETF, não há o come-cotas — imposto semestral aplicado sobre os fundos de renda fixa e multimercado.
Outro detalhe interessante: o ETF de renda fixa é tributado de acordo com o prazo médio dos títulos em carteira. O que isso significa?
Uma vez que ambos os produtos são compostos por títulos com prazo de vencimento mais longo, a alíquota de IR que incide sobre eles é a de 15% sobre o rendimento, independentemente do prazo da aplicação.
Os fundos e os títulos de renda fixa, por outro lado, são tributados pela tabela regressiva do IR — as alíquotas começam em 22,5% e diminuem conforme o tempo por que o dinheiro permanece investido.
ETF de renda fixa: quais as desvantagens?
Não existem investimentos 100% vantajosos. Na verdade, tudo tem um lado negativo a ser avaliado. Obviamente, quando falamos em desvantagens e riscos, estamos apenas dizendo que existem pontos que merecem sua atenção.
Antes de investir, é fundamental estar ciente de que há situações e pontos negativos. Dessa forma, você faz uma escolha segura e consciente. Confira!
1. Oscilação de preços mais aparente
É fato: os títulos públicos prefixados ou indexados à inflação mudam de preço todos os dias. Até mesmo os que são negociados pela plataforma do Tesouro Direto sofrem com essa oscilação, e isso é bem aparente.
Quando você investe de forma direta nesses títulos, a única maneira de garantir que receberá a rentabilidade contratada é manter o investimento até o prazo de vencimento. Porém, no caso de um ETF de renda fixa, não há como assegurar essa rentabilidade.
Mas não se preocupe! Isso não quer dizer que você vá perder dinheiro com esse investimento!
O que acontece é que será preciso prestar mais atenção na hora de fazer um resgate. Então, tome cuidado para que a venda não seja feita por um valor menor que o de compra.
2. Não há garantia do FGC ou do Tesouro Nacional
Outro detalhe importante a ser destacado é que o ETF de renda fixa não conta com a proteção do FGC (Fundo Garantidor de Crédito). A explicação para isso é bem simples, já que os títulos não são registrados em nome de quem investe.
Do mesmo modo, esses investimentos não têm a garantia direta do Tesouro Nacional. Porém, como estamos lidando com fundos que espelham uma carteira de investimentos seguros, o risco é menor, não é mesmo?
3. Imposto de Renda recolhido pela própria pessoa
Assim como acontece com qualquer outro ETF, o Imposto de Renda não é retido na fonte. Isso quer dizer que é responsabilidade de quem investe fazer o pagamento.
A desvantagem, nesse caso, está na necessidade de calcular o lucro obtido com a venda desses ETFs e pagar um Documento de Arrecadação de Receitas Federais (Darf). Desse modo, fica em dia com a Receita e evita multas e outras penalidades.
Para simplificar sua vida, temos um post, aqui no blog, que traz o passo a passo para calcular o imposto devido, gerar e pagar o seu Darf. Não deixe de conferir!
Como investir em um ETF de renda fixa?
Depois de todas as informações apresentadas, finalmente podemos falar no procedimento adequado para investir em um ETF de renda fixa. Então, se acha que essa é uma boa opção para você, é hora de aprender a fazer a operação!
Primeiro, como a compra e a venda de qualquer ETF são feitas no ambiente da bolsa de valores, é preciso abrir conta em uma corretora de valores. Sem isso, não será possível investir.
O passo seguinte é transferir o dinheiro da sua conta bancária para a conta da corretora. Isso deve ser feito por meio de uma TED a partir de uma conta de sua titularidade.
Em seguida, é preciso entrar na sua plataforma de investimentos e escolher a opção de home broker, em que você terá acesso a todas as opções de renda variável.
Agora, é só selecionar o ETF desejado pelo código (confira, aqui, todos os ETFs listados na bolsa). Você só precisa digitar o nome do ETF, indicar a quantidade de cotas e definir o valor que deseja investir.
Os lotes mínimo e máximo de cotas de cada ETF estão disponíveis em seus respectivos regulamentos. É importante conferi-los antes de realizar esse procedimento.
O último passo é inserir sua assinatura digital e confirmar a operação. Pronto! Você já investiu em um ETF. Rápido, simples e seguro, não é mesmo? Para tornar ainda mais fácil, veja o resumo abaixo:
- abrir conta na corretora de valores;
- transferir os valores para a conta da corretora;
- entrar na plataforma e escolher a opção home broker;
- selecionar o ETF;
- indicar a quantidade de cotas e o valor a ser investido;
- assinar e confirmar a operação.
Por que um ETF de renda fixa?
A espera pelo ETF de renda fixa começou em 2013, quando um memorando de entendimento foi assinado pelo governo brasileiro em parceria com o Banco Mundial.
A iniciativa, chamada de ID ETF (Issue Driver ETF), tem o objetivo de ampliar a utilização desse tipo de aplicação, a fim de desenvolver o mercado de dívida em países emergentes. O Brasil faz parte do projeto inicial, que será seguido por seus pares no futuro.
Globalmente, os fundos de índice têm patrimônio de 3 trilhões de dólares, sendo os Estados Unidos o principal mercado (com 70%). No Brasil, esse tipo de aplicação existe desde 2004.
Como mencionamos ao longo do post, já é possível encontrar diversas opções de ETFs de renda fixa e variável. Todos os dias, milhares de pessoas negociam esses ativos, que têm alcançado bons resultados, até mesmo em um cenário de crise econômica mundial.
Com o crescimento desse mercado, é esperado que mais pessoas comecem a aplicar seu dinheiro. Os benefícios são expressivos, e os riscos e desvantagens podem ser contornados. Por tudo isso, podemos afirmar que essa é uma boa oportunidade.
Como você viu, o ETF de renda fixa deve estimular o acesso de cada vez mais brasileiros ao mercado de fundos de índice. Além disso, promete ser atrativo para quem investe quantias baixas, principalmente do ponto de vista de diversificação, flexibilidade e custo, já que permite aplicação inicial mais baixa e menores taxas e impostos. Baixe gratuitamente o nosso material Consultoria de Investimentos: Guia Completo sobre esse Serviço e entenda como montar a carteira de investimentos ideal para sua realidade!