Índice de Sharpe: comparando as Carteiras Magnetis aos fundos multimercado
Quando se trata de investimentos, equilibrar risco e retorno é fundamental para fazer aplicações de acordo com o seu perfil. Mas como saber qual é a medida ideal? O Índice de Sharpe é um dos indicadores que ajuda a descobrir qual é esse ponto de equilíbrio
Índice de Sharpe é um indicador que mede o retorno excedente de uma aplicação financeira em relação a outra aplicação livre de risco.
Esse indicador é utilizado para comparar fundos e carteiras de investimento e começou a ser desenvolvido nos anos 1960 pelo economista William Sharpe.
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William Forsyth Sharpe é um economista americano e criador de um modelo de avaliação de investimentos conhecido como CAPM (do inglês, Capital Asset Pricing Model), hoje muito utilizado para montar fundos de investimento.
Seu trabalho lhe rendeu um Nobel de Economia em 1990, junto com Harry Markowitz e Merton Miller.
Segundo o método desenvolvido por Sharpe, apenas olhar a rentabilidade de um investimento não basta. É preciso comparar seu retorno com o de uma aplicação conservadora livre de risco. Em outras palavras, o índice mostra se valeu a pena correr mais risco para obter determinado retorno.
Assim, o Índice de Sharpe analisa o retorno de uma aplicação, descontando o resultado que um investidor teria se tivesse aplicado seu dinheiro em algo menos arriscado. No Brasil, podemos utilizar o CDI como referência.
O Índice de Sharpe também considera em sua fórmula a volatilidade do investimento, que é o quanto ele oscilou em determinado período. Assim, esse indicador é uma forma mais sofisticada de expressar com qual nível de risco uma aplicação oferece determinada rentabilidade.
Como o Índice de Sharpe é calculado
O retorno das aplicações financeiras pode mudar dependendo das condições da economia. Por isso, o ideal é analisar o desempenho de um investimento em períodos mais longos, de pelo menos 12 meses, antes de determinar se ele é vantajoso ou não.
O Índice de Sharpe já permite considerar esse conceito em sua fórmula, que é expressa da seguinte maneira:
Índice de Sharpe = (Retorno – Taxa Livre de Risco) / Volatilidade
Um exemplo: considere um investimento em renda fixa que rendeu 125% do CDI em um ano. De cara, já é possível notar que ele superou o rendimento de um ativo livre de risco, o CDI, em 25%. Se esse for um investimento basicamente de renda fixa pós-fixada (que oscila pouco, ou seja, tem baixa volatilidade), o resultado será um Índice de Sharpe com um número positivo e alto.
Quanto mais alto for o Índice de Sharpe, melhor foi a performance desse investimento em relação ao risco que ele oferece.
Porém, é importante destacar que o Índice de Sharpe considera apenas o risco de mercado de uma aplicação, ou seja, a incerteza dos retornos desse investimento ao longo do tempo.
Ele não leva em conta outros fatores importantes, como o risco de uma instituição falir ou deixar de pagar o que prometeu, o chamado risco de crédito.
Avaliar o risco de crédito, aliás, é crucial para investimentos em renda fixa. Por isso, o Índice de Sharpe não é o indicador ideal para entender a relação entre o risco e o retorno desses investimentos.
Considere agora uma carteira de ações que subiu 30% em um ano, mas passou por momentos de fortes altas e baixas. Nesse caso, como a volatilidade foi alta (as oscilações foram mais intensas), o Índice de Sharpe tende a ser menor do que o de uma aplicação com rendimento próximo ao CDI, mas que sofreu pouca volatilidade durante o período analisado.
Quanto mais alto for o Índice de Sharpe de um investimento, mais consistente terá sido o seu retorno no passado. Uma aplicação que tenha um ótimo rendimento, mas alta volatilidade, terá um Sharpe mais baixo.
Outro ponto importante: o Índice de Sharpe, assim como os outros indicadores que mencionei aqui, não determina o sucesso de um investimento no futuro. Ele apenas conta uma história de como aquela aplicação se comportou em determinado período.
Por outro lado, esse indicador é muito útil na hora de escolher os melhores fundos de investimento. Lembrando: ele vale para carteiras compostas por ativos sujeitos a risco de mercado, como os fundos multimercado ou fundos de ações com gestão ativa.
Índice de Sharpe: Carteiras Magnetis x fundos multimercado
Vamos testar a consistência dos retornos das Carteiras Magnetis em relação aos fundos multimercado usando o Índice de Sharpe como parâmetro principal. Nessa análise, os fundos foram selecionados conforme os seguintes critérios:
- Fundos abertos para qualquer investidor pessoa física;
- Patrimônio líquido acima de R$ 50 milhões;
- Volatilidade anualizada acima de 2,5%*.
*Adotei esse critério para eliminar fundos multimercado compostos em maior parte por ativos de renda fixa de crédito privado. Neles, a volatilidade é menor, mas o risco maior é o de crédito e não o de mercado.
Dentre os mais de 6 mil fundos multimercado hoje existentes, 474 atendem esses critérios. No período referente aos últimos dois anos (2016 – 2017), a média do Sharpe desses fundos foi de 0,41. A mediana foi de 0,48.
Veja a seguir como eles estão distribuídos:
Agora, vamos ver o Índice de Sharpe das Carteiras Magnetis 3, 4 e 5, que têm parcelas de renda variável e fundos multimercado em sua composição.
Vale ressaltar que para as carteiras 1 e 2 esse indicador não é o mais apropriado para avaliar a relação de risco e retorno, pois elas são compostas em grande parte por ativos de renda fixa.
Dessa forma, conforme mencionado anteriormente, o risco de crédito se sobrepõe ao risco de mercado nas carteiras 1 e 2.
Como você pode notar, nos dois últimos anos as Carteiras Magnetis apresentaram um Índice de Sharpe quase quatro vezes maior do que a média dos fundos multimercado (!).
Em 2016 e 2017, as Carteiras Magnetis tiveram um resultado melhor do que 91,8% dos fundos multimercado quando analisada a relação entre risco e custo de oportunidade.
Vale destacar que conseguimos esses resultados por conta de nossa estratégia de diversificação, metodologia desenvolvida por Harry Markowitz, outro ganhador de um Nobel de Economia.
Nossos algoritmos são atualizados constantemente para buscar sempre a melhor rentabilidade, com o menor risco e o menor custo para cada perfil de investidor.
O custo, aliás, faz diferença na rentabilidade de um fundo multimercado. Como possuem estratégias um pouco mais arrojadas, esses investimentos costumam cobrar taxas de administração entre 2% e 3% ao ano. Além disso, muitos adotam também uma taxa de performance, cobrada quando a rentabilidade supera a de um determinado indicador.
Por outro lado, o custo médio total de uma Carteira Magnetis é de 0,85% ao ano (saiba mais sobre esses custos). Como adotamos uma estratégia de gestão passiva em nossas carteiras, não há taxa de performance.
Resumindo, o Índice de Sharpe é uma das ferramentas que podem facilitar a vida do investidor na hora de escolher entre diferentes investimentos. Porém, o mais importante para ter a melhor rentabilidade é fazer aplicações financeiras de acordo com o seu perfil de investidor.
Aliás, você já descobriu qual é o seu? Faça uma simulação e veja qual é a alocação ideal para seus objetivos. Compartilhe aqui nos comentários a sua experiência!
(Post originalmente publicado em fevereiro de 2018)