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Como a Psicologia Econômica pode ajudar mais mulheres a investir

Apesar dos avanços e transformações protagonizados pelas mulheres nos últimos anos, sua presença ainda é bem menor que a dos homens no mundo dos investimentos.

Para você ter uma ideia, a proporção de investidores no Tesouro Direto – aplicação considerada a nova poupança do brasileiro – é de 3 mulheres para cada 7 homens. Há dez anos, as mulheres eram 2 para cada 8 homens.

No caso da bolsa de valores, apenas 22% dos investidores cadastrados são mulheres. Suas contas de investimento hoje movimentam R$ 46 bilhões, de acordo com dados da B3 (antiga BM&FBovespa). As contas dos homens movimentam R$ 136 bilhões, três vezes mais dinheiro.

Mas, se as mulheres investidoras têm mais habilidade do que os homens na hora de tomar decisões relacionadas ao dinheiro, por que elas ainda são minoria nesse mercado?

Entrevistamos a professora Vera Rita de Mello Ferreira, pioneira nos estudos brasileiros em Psicologia Econômica.

Essa é uma área de estudos que vem se desenvolvendo há décadas, mas que foi consagrada em 2017 com o Prêmio Nobel de Economia para o americano Richard Thaler, que desenvolveu estudos sobre a contabilidade mental (já falamos disso em outro post).

Quando se fala em mulheres e investimentos, o estereótipo mais comum é o de que elas são mais conservadoras e, portanto, arriscam menos. Já falamos aqui dos erros que essa visão pode causar.

Mas diversos estudos já mostraram que, na verdade, considerando o recorte das mulheres que investem, elas são mais habilidosas e têm mais sucesso em suas decisões de investimento. Além disso, elas são menos influenciadas por seus impulsos e buscam mais informação.

Mesmo com todos esses pontos a favor, as mulheres ainda estão em número bem menor que os homens quando o assunto é investimentos. 

A pergunta é: como trazer mais mulheres para esse universo? Para a professora Vera Rita, o maior desafio para as mulheres ainda é entender como funciona o mundo do dinheiro, do qual elas passaram a fazer parte apenas no século passado.

Porém, quando se trata de tomar decisões, inclusive de investimentos, existe um princípio mestre para fazer escolhas melhores: administrar os impulsos e as emoções. A seguir, vamos ver mais detalhes sobre isso.

Magnetis: Como os avanços em Psicologia Econômica podem ajudar a aproximar mais as mulheres dos investimentos?

Vera Rita: A Psicologia Econômica é uma linha que estuda comportamentos econômicos e tomada de decisão, em especial.

Significa tentar entender como nós percebemos as situações, os contextos. Isso quando percebemos. É uma forma de compreender como buscamos a melhor alternativa possível para distribuir os recursos que são escassos: dinheiro, tempo, atenção, autocontrole etc.

Só que, infelizmente, essa melhor escolha nem sempre acontece. Às vezes nós nos atrapalhamos ao perceber e avaliar as alternativas e acabamos nos arrependendo de alguma escolha.

Portanto, é isso o que essa ciência estuda: as anomalias na busca pela melhor escolha.

Mag: Qual é o maior desafio para que as mulheres invistam mais?

Vera: Sobre as mulheres, nós chegamos ao mundo do dinheiro há muito pouco tempo na comparação com os homens.

Só a partir da segunda guerra mundial, no meio do século passado, é que as mulheres começaram a ir para o mercado de trabalho e ter a própria renda.

Antes disso, o dinheiro era um assunto masculino. Os homens faziam negócios, saiam para trabalhar, viajavam para trocar mercadorias. Enfim, era um setor da vida administrado pelos homens.

Então, as mulheres começaram a ter os primeiros desafios ao tentarem entender como tudo isso funciona.

A Psicologia Econômica, na medida em que traz esses estudos, pode ajudar as mulheres a investir mais porque elas estão percebendo as competências que elas têm.

Eu sempre digo que ficar falando que as mulheres são impulsivas e gastam mais na hora de fazer uma compra é uma calúnia.

No mercado financeiro, por exemplo, o que nós vemos são os homens sendo muito mais impetuosos e expostos a riscos do que as mulheres.

“Dificilmente uma mulher vai vender a casa para comprar bitcoin. Elas têm mais noção…”

Mag: Qual é a idade ideal para começar a montar uma carteira de investimentos?

Vera: Não há uma idade ideal para começar. Jovens, pela falta de experiência, acabam sendo seduzidos por cantos da sereia. Eles têm mais otimismo exagerado e mais autoconfiança fora da realidade.

É interessante que as crianças vejam que seus pais têm uma preocupação em investir o dinheiro, guardar, fazer investimentos.

Quando uma criança cresce numa família que tem o hábito de investir, isso se torna algo natural e facilita o processo para que ela própria passe a investir. Isso evita que o investimento seja algo que cai de paraquedas na vida delas.

Mas como não temos essa tradição no país, cada pessoa precisa ir em busca de conhecimento, trocar ideias.

Não é todo mundo que tem condições de cuidar do próprio dinheiro de forma adequada, seja por falta de tempo ou por falta de interesse no tema. Nesse caso, vale buscar ajuda externa, de uma assessoria ou consultoria de investimentos.

Olhando para isso, cada vez mais mulheres estão se tornando planejadoras e consultoras financeiras. Isso é um avanço muito importante, pois elas trazem essa visão mais cuidadosa e são muito desafiadas a entregar o melhor trabalho possível por estarem em mundo ainda muito masculino.

Então, o resultado é interessante: uma consultora mulher pode ser muito adequada para quem quer ajuda em seus investimentos.

Investir não é algo automático, que todo mundo quer ou consegue fazer. Há pessoas que não querem cuidar disso elas mesmas. Hoje, é possível ter acesso a esse tipo de serviço oferecido por profissionais independentes, que têm a necessária isenção.

Mag: É possível treinar a própria mente para investir? De que forma?

Vera: O mais importante é conseguir administrar os próprios impulsos, as próprias emoções. Uma frase atribuída a Warren Buffett coloca o seguinte:

“Para ter sucesso nos investimentos, você pode ter um QI de 30 (quer dizer, baixíssimo, pois o QI normal vai de 90 a 110). O mais importante é administrar os impulsos.”

Eu não falo em controlar, pois isso é muito difícil, mas adiar a realização dos impulsos.

Assim, você ganha um espaço para pensar duas vezes. E quanto mais você reserva a sua capacidade de pensar, de analisar com cuidado, de manter a isenção para tomar decisões importantes – como aquelas que envolvem investimentos -, mais chances você terá de obter sucesso.

É diferente de, por exemplo, ficar tão sobrecarregado com questões da vida diária, que o resultado acaba sendo uma decisão em condições muito longe das ideias: quando você está cansado, pressionado pela [falta de] tempo, com fome, dividindo a atenção com outras questões.

Assim, falta capacidade cognitiva para analisar e escolher as melhores decisões.

E se você não estiver com cabeça para essas decisões, vale a pena buscar apoio externo, uma consultoria financeira que possa ajudar. A partir daí, uma pessoa que aprende sobre investimentos pode até ensinar outras pessoas depois.

E você? Concorda com essas questões? Deixe aqui o seu comentário ou conte para nós a sua experiência! 

Andressa Siqueira, CFP®

Formada em Economia pela PUC-SP, é especialista em investimentos na Magnetis desde 2019. Possui as certificações CEA pela ANBIMA e de planejadora financeira CFP®, trabalha no mercado financeiro há mais de 8 anos.

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