Como o novo limite do FGC afeta os seus investimentos
Quem investe em renda fixa recebeu uma notícia importante nos últimos dias de 2017. O Fundo Garantidor de Créditos (FGC) estabeleceu um novo limite para a cobertura de depósitos e investimentos em caso de falência de uma instituição financeira.
Agora, haverá um limite global para o ressarcimento, que será de R$ 1 milhão para cada investidor, considerando tanto o valor aplicado quanto os rendimentos.
A mudança vale para investimentos contratados a partir de 22 de dezembro de 2017. Para os feitos antes dessa data, vale a regra anterior. O novo limite foi aprovado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
Antes do novo teto, o FGC oferecia garantia de até R$ 250 mil por CPF e por instituição financeira, sem estabelecer um teto global. Assim, uma pessoa poderia ter a quantia que quisesse coberta pelo fundo, desde que respeitasse o limite de R$ 250 mil por instituição.
Por exemplo: era possível ter até R$ 250 mil aplicados em cada um dos 80 bancos e financeiras que emitem títulos privados no Brasil.
Com a mudança, o limite de R$ 250 mil por CPF e instituição ainda vale, mas passa a existir um teto global de R$ 1 milhão.
O que muda nos seus investimentos
Imagine que você tenha R$ 2 milhões para investir em renda fixa. Se você tivesse aplicado esse dinheiro até o dia 21 de dezembro de 2017, poderia ter aproveitado a garantia do FGC para o valor total. Para isso, bastava distribuir o montante entre diversos bancos (por exemplo, 10 bancos e R$ 200 mil em cada).
Importante! A garantia do FGC de R$ 250 mil por instituição cobre tanto o capital investido quanto os rendimentos. Isso não mudou. Ou seja: o ideal é deixar uma folga para o que ainda vai render. Se você aplicar exatamente R$ 250 mil em um banco, os rendimentos não estarão cobertos pelo FGC.
Continuando o exemplo: com a nova regra do FGC, o investidor até pode dividir seus R$ 2 milhões em 10 bancos, mas o FGC limita sua garantia a R$ 1 milhão por CPF. Se 5 bancos quebrassem, o investidor receberia seu R$ 1 milhão. Se os 10 bancos quebrassem, a pessoa continuaria a ser ressarcida em R$ 1 milhão.
Na prática, o novo teto do FGC acaba restringindo as possibilidades de investimento em bancos menores. Estes ganharam mais investidores nos últimos anos, quando o fundo ampliou a sua cobertura de R$ 70 mil por instituição em 2013 e para R$ 250 mil em 2015.
O investidor agora terá de analisar melhor o risco de uma instituição quebrar antes de aplicar seu dinheiro em títulos privados e isso pode acabar favorecendo bancos grandes.
Mas há outro detalhe no novo limite do FGC: a renovação do teto de R$ 1 milhão após quatro anos da quebra de uma instituição.
Dessa maneira, se um investidor receber a garantia do FGC para um investimento de R$ 100 mil, por exemplo, seu limite global será reduzido para R$ 900 mil pelos quatro anos seguintes, mas depois voltará a ser de R$ 1 milhão.
E agora, o que fazer?
Segundo o FGC, 99% das pessoas que investem em títulos cobertos pelo fundo têm investimentos de até R$ 250 mil.
Sendo assim, o limite global de R$ 1 milhão ainda não é uma preocupação para a maioria das pessoas. Basta que o investidor fique atento ao limite de R$ 250 mil por instituição, considerando capital e rendimentos.
Mas para quem precisa alocar valores maiores, o ideal é avaliar mais a fundo o risco de falência ou calote das instituições em que está investindo. Vale lembrar que quanto maior for a rentabilidade prometida, maior tende a ser o risco da aplicação.
Histórico do FGC
O FGC foi criado em 1996. Em pouco mais de 20 anos de existência, socorreu investidores e correntistas de 33 bancos. O último caso aconteceu há quase dois anos, com a falência do Banco Azteca.
Na tabela a seguir, feita pelo FGC, você pode ver quais foram os bancos cujos clientes acionaram o seguro desde a sua criação.
Como você pode notar, a quebra de instituições financeiras é um evento pouco comum no Brasil. E mesmo com o novo teto, um investidor com aplicações cobertas pelo FGC só perderia dinheiro se vários bancos quebrassem ao mesmo tempo.
Em resumo, o novo teto do FGC não deve mudar muito a vida de quem já investe em renda fixa. As novas regras, porém, exigem mais atenção de um investidor na hora de avaliar os riscos de aplicar seu dinheiro em determinada instituição.
Falando em análise de aplicações financeiras, você sabe quais são os principais passos para determinar qual delas está ou não adequada ao seu perfil? Entenda como gerenciar os riscos dos seus investimentos.