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RDVT11: 8 perguntas para entender o calote nas debêntures da Rodovias do Tietê

As debêntures da Rodovias do Tietê (RDVT11) estiveram no centro do noticiário financeiro recente. Isso porque a empresa entrou em recuperação judicial e deu calote em milhares de investidores.

Mas fica a pergunta: debêntures não são investimentos de renda fixa? Então, o que vai acontecer a partir de agora?

Esse caso envolve uma outra questão muito grave: a do conflito de interesses.

Muitas pessoas que investiram nas debêntures RDVT11 foram motivadas por seus agentes de investimentos, que não informaram adequadamente as pessoas sobre os riscos dessa aplicação.

Uma vez que a remuneração desses agentes é baseada na venda de produtos, e não no sucesso do cliente, isso faz com que você invista em produtos que não estão de acordo com o seu perfil.

Aqui, vamos entender o que levou a esse calote e como vai ficar a situação de quem investiu. Afinal, mais de 18 mil pessoas tiveram seu patrimônio comprometido de forma direta, além de diversos fundos de investimento.

Você também vai entender mais sobre esse tipo de investimento, em quais condições ele vale a pena e como se proteger dos riscos.

Se você tiver qualquer dúvida ou consideração, fique à vontade para deixá-la nos comentários. Agora, vamos começar?

Contents

1 – O que aconteceu com a Rodovias do Tietê?

A Rodovias do Tietê é uma concessionária que administra trechos de algumas estradas no interior de São Paulo, como a Rodovia Campinas-Monte Mor.

No último dia 8 de novembro, a companhia entrou em recuperação judicial, que é um passo anterior à declaração de falência.

Foram os próprios investidores da companhia, liderados pela XP Investimentos, que forçaram esse pedido.

Eles tomaram essa atitude pois consideram que a recuperação judicial é o caminho mais simples para tentar reverter parte desse prejuízo.

Mais de R$ 1 bilhão foi investido nas debêntures da Rodovias do Tietê, que são negociadas no mercado sob o código RDVT11. Tanto as pessoas quanto os fundos que investiram podem ter perdido até 100% de seu capital.

2 – O que vai acontecer com quem investiu?

Com o início do processo de recuperação judicial, a Justiça vai nomear uma pessoa ou empresa responsável por entender como estão as finanças da Rodovias do Tietê.

Será feita uma relação completa dos bens, projetos e investimentos da companhia, assim como de todas as pessoas e empresas para quem ela está devendo.

A partir daí, quem ficou responsável por administrar a Rodovias do Tietê deve apresentar à Justiça um plano para reorganizar os negócios da companhia. O objetivo é pagar as dívidas e colocá-la novamente de pé.

Esse processo pode levar anos para ser concluído, pois depende de aprovação para ser executado. Além disso, a recuperação judicial não garante que os debenturistas recebam o seu dinheiro de volta.

Agora, é necessário esperar mais novidades sobre esse caso para entender como ficará a situação das pessoas e dos fundos que investiram nesses papéis.

3 – Devo vender minhas debêntures da Rodovias do Tietê?

Na semana passada, as debêntures RDVT11 foram marcadas a zero pela XP Investimentos, que era a principal ofertante dessa aplicação para as pessoas físicas.

Na prática, isso quer dizer que esses papéis não têm mais valor. No entanto, dificilmente as pessoas conseguirão vendê-los no mercado secundário, pois quem compraria algo que vale zero?

É claro, essa marcação não é definitiva. Dependendo dos desdobramentos do processo de recuperação judicial, as debêntures podem voltar a valer alguma coisa no mercado secundário, mas isso não é garantido.

Veja mais: Análise de portfólio gratuita: faça um diagnóstico completo da situação dos seus investimentos

Além disso, a Justiça pode determinar algum pagamento que compense o prejuízo dos debenturistas.

Por isso, a solução é esperar o que vai ser decidido e analisar caso a caso o que vale a pena ser feito. De qualquer forma, qualquer valor recebido pode ser considerado lucro.

Vale destacar que as mesmas corretoras que venderam essas debêntures para seus clientes não permitiram que eles se desfizessem desses papéis.

Isso porque já era de conhecimento do mercado (mas não das pessoas físicas) que a empresa enfrentava dificuldades financeiras. Ou seja: cadê o alinhamento de interesses?

4 – Como a situação das debêntures chegou nesse ponto?

A recuperação judicial da Rodovias do Tietê aconteceu logo após a companhia declarar que não tinha mais condições de honrar o fluxo de pagamento semestral que a debênture prometia.

Mas isso não aconteceu da noite para o dia. As corretoras já sabiam das dificuldades que a empresa enfrentava.

Também era de conhecimento do mercado que essas dificuldades afetariam a rentabilidade das debêntures da empresa em algum momento. Assim, quem conseguiu sair a tempo se livrou de uma bomba relógio.

Aqui, vale prestar atenção em um detalhe: a rentabilidade desse papel na época da emissão estava em 8% + IPCA (índice oficial de inflação).

Se você já entende um pouco mais sobre investimentos, sabe que isso representa mais que o dobro do rendimento da renda fixa tradicional (CDB, LCI, LCA).

Pouco antes da marcação a mercado feita pela XP, a empresa estava tentando renegociar essa rentabilidade, reduzindo para 0,5% + IPCA. Esse rendimento, portanto, ficaria abaixo do CDI.

5 – Quem são os investidores da Rodovias do Tietê?

Além das 18 mil pessoas que investiram nas debêntures da empresa, você vê a seguir os fundos de investimento que têm RDVT11 na carteira. Basta clicar sobre os nomes para ver a rentabilidade de cada um deles:

Nome do fundoGestão/comprador
BB LOMBARDIA INVESTIMENTO NO EXTERIOR FI MULTIMERCADO CRÉDITO PRIVADOBB Gestão de Recursos DTVM
CW1 FI MULTIMERCADO CRÉDITO PRIVADOCapitânia
BD1 CERRADOS FI MULTIMERCADO CRÉDITO PRIVADOCeres Fundação de Seguridade Social
BD2 ZONA DA MATA FI MULTIMERCADO CRÉDITO PRIVADOCeres Fundação de Seguridade Social
BD3 SERRA DA CANASTRA FI MULTIMERCADO CRÉDITO PRIVADOCeres Fundação de Seguridade Social
BD4 MATA ATLÂNTICA FI MULTIMERCADO CRÉDITO PRIVADOCeres Fundação de Seguridade Social
BD5 FLEX PLANALTO FI MULTIMERCADO CRÉDITO PRIVADOCeres Fundação de Seguridade Social
CD6 FLEX PLANALTO CENTRAL FI MULTIMERCADO CRÉDITO PRIVADOCeres Fundação de Seguridade Social
EROS FI MULTIMERCADO CRÉDITO PRIVADOCeres Fundação de Seguridade Social
ICATU SEG MULTISTRATEGY PREVIDÊNCIA FI MULTIMERCADOIcatu Vanguarda
CSHG ROKA INVESTIMENTO NO EXTERIOR FI MULTIMERCADO CRÉDITO PRIVADOPessoas físicas
AGADIR FI INFRA RENDA FIXAReliance Asset Management
DERI DEBÊNTURES INCENTIVADAS FI MULTIMERCADO CRÉDITO PRIVADOReliance Asset Management
RISKA DEBÊNTURES INCENTIVADAS FI MULTIMERCADO CRÉDITO PRIVADOReliance Asset Management
CREDIT FI MULTIMERCADO CRÉDITO PRIVADOSerpros Fundo Multipatrocinado (SERPROS)
STARK FI MULTIMERCADO CRÉDITO PRIVADOSerpros Fundo Multipatrocinado (SERPROS)
SCORPIO DEBÊNTURES INCENTIVADAS FI MULTIMERCADO CRÉDITO PRIVADOXP Investimentos

Boa parte dos fundos listados acima são fundos de pensão. Ou seja, eles estão ligados a empresas que patrocinam as aposentadorias de seus colaboradores.

Antes do calote, esses fundos não estavam considerando o preço dessas debêntures. Assim, sua rentabilidade pode cair bastante nos próximos dias com a atualização dos valores.

Para saber o que pode ser feito nesse caso específico, entre em contato com [email protected]

6 – Quais são os riscos de investir em debêntures?

Debêntures são investimentos de renda fixa um pouco mais sofisticados.

Diferente dos títulos bancários (CDB, LCI, LCA), são as próprias empresas que garantem a devolução do dinheiro dessas aplicações. Portanto, debêntures não têm garantia do FGC.

Em troca, as companhias podem oferecer imóveis e até as próprias ações da companhia como garantia do investimento, como é o caso da Rodovias do Tietê.

Outro ponto importante: geralmente, os prazos do investimento são mais longos, maiores que cinco anos.

Segundo o registro da RDVT11 na plataforma de dados da Anbima, o vencimento estava programado para ser em 6 anos e 4 meses.

Justamente por terem um prazo tão longo e serem garantidos pelas próprias empresas emissoras, esses investimentos precisam de uma análise de risco bastante criteriosa. Afinal, o pagamento depende diretamente da situação financeira da empresa.

Assim, os principais fatores de risco das debêntures da Rodovias do Tietê são:

  • prazo mais longo de vencimento: 6 anos e 4 meses;
  • sem garantia do FGC.

Por outro lado, os dois principais incentivos para aplicar nessas debêntures eram:

  • rentabilidade de 8% + IPCA;
  • isenção de Imposto de Renda sobre o investimento.

As RDVT11 são debêntures incentivadas, também chamadas de debêntures de infraestrutura.

O nome não é à toa. Essa classe específica de aplicação financeira foi criada a partir da Lei 12.431/11.

A lei isenta de impostos as debêntures usadas para financiar projetos de infraestrutura, como a construção ou a reforma de aeroportos, estradas e assim por diante.

Foi por isso que, nos últimos anos, esse tipo de investimento ganhou bastante notoriedade. No entanto, por ser mais arriscado, ele ainda atrai um volume muito menor de recursos do que a renda fixa feijão com arroz.

Aliás, o mercado brasileiro já viu outras debêntures em situação semelhante à RDVT11. A diferença, no entanto, é que nunca antes um incidente como esse teve tantas pessoas físicas envolvidas.

7 – Por que as pessoas investiram em RDVT11?

O investimento em debêntures, justamente por ser mais arriscado, não é muito popular no Brasil.

Mas no caso da Rodovias do Tietê, os fatores que mais atraíram as pessoas foram:

  • alta rentabilidade prometida (pelo menos duas vezes maior que a renda fixa tradicional);
  • pagamentos feitos a cada seis meses;
  • isenção de Imposto de Renda, pois se tratam de debêntures incentivadas;

Como você já viu aqui, quanto maior é o retorno que um investimento promete, maiores são os riscos dessa aplicação.

Por isso, principalmente quando se tratar de investimentos que não têm a garantia do FGC, a análise de risco se torna ainda mais importante para evitar dor de cabeça.

8 – E agora, o que fazer?

Se você está entre os debenturistas da Rodovias do Tietê, vale questionar por que você não recebeu comunicações sobre o real estado das finanças da empresa, uma vez que isso não é um fato novo.

Mas de forma geral, é necessário esperar o que a Justiça vai decidir sobre o processo de recuperação judicial da empresa.

Durante essa espera, o valor das debêntures pode subir ou cair com base nas expectativas do desdobramento desse processo. Assim, não vai ser incomum ver o noticiário influenciado o preço desses títulos no mercado.

Por outro lado, se você tiver investido em um fundo que têm RDVT11 na carteira, a sua situação está um pouco menos complicada.

Como a carteira do fundo tem outros ativos, nem tudo está perdido. Cabe a você decidir se quer continuar nesse fundo ou não.

Agora que você entende melhor a situação do investimento em RDVT11, pode decidir qual é o caminho a seguir. Para ajudar, aqui está uma ferramenta para fazer um diagnóstico completo dos seus investimentos. Basta clicar no link e solicitar uma análise gratuita!

Andressa Siqueira, CFP®

Formada em Economia pela PUC-SP, é especialista em investimentos na Magnetis desde 2019. Possui as certificações CEA pela ANBIMA e de planejadora financeira CFP®, trabalha no mercado financeiro há mais de 8 anos.

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