Títulos de capitalização? Nunca mais, diz Roberto
Quem nunca viu de perto ou viveu uma história complicada, que provocou perdas ou sofrimento na vida financeira? É para compartilhar essas experiências que publicamos aqui no blog a série “Histórias de Horror“, uma sequência de posts para conscientizar você sobre as armadilhas que podem comprometer o seu dinheiro.
Os casos que publicamos aqui são relatos dos leitores do nosso blog, cuja identidade foi preservada com nomes fictícios. No final, essas histórias trazem um grande aprendizado e servem de alerta para que você não passe pela mesma situação. Aproveite a leitura!
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A história
Roberto tinha apenas 17 anos, morava com os pais e ia ao colégio. Mas, diferente da maioria, já trabalhava e guardava dinheiro todos os meses.
Quando conseguiu juntar o equivalente a quatro vezes o seu salário, entendeu que era hora de pensar em formas de fazer seus recursos renderem mais. Até então, mantinha as economias numa poupança vinculada à sua conta corrente, com rendimentos pequenos.
Em busca de ajuda especializada, o rapaz optou por procurar a gerente do seu banco. Perguntou sobre a possibilidade de investir em ações e fundos, mas ela rapidamente descartou a ideia e disse que essas não eram alternativas válidas para a sua realidade. O melhor caminho, indicou a profissional, eram os títulos de capitalização.
Roberto titubeou, mas a gerente foi muito convincente. Mostrou um lindo folheto que apresentava todas as vantagens do produto.
Reforçou que o rendimento ficaria sempre acima do da poupança. Destacou que sorteios seriam uma bela chance de ele concorrer a prêmios valiosos. Garantiu que as taxas cobradas eram pouco significativas e não afetariam a sua rentabilidade. Até o fato de o dinheiro ficar preso por um ano pareceu um bom negócio.
É possível ver vantagem nisso? Para o jovem Roberto, a ideia da falta de acesso aos recursos aplicados representava um modo de não gastá-los por impulso.
Estava decidido. Antes de deixar a agência do banco, Roberto autorizou a operação e foi para casa feliz. Destinou metade dos recursos aos títulos de capitalização e, por precaução, manteve a outra parte na poupança.
Pouco mais de um ano depois, constatou que a remuneração que estava recebendo nos títulos era muito pequena, praticamente perdendo para a inflação.
Resolveu, então, resgatar a aplicação e voltou a procurar a gerente. Para sua surpresa, ficou sabendo que não seria possível ter o dinheiro de volta naquele momento.
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Como assim? A gerente não havia explicado que o título se renovava automaticamente após um ano, caso o cliente não se manifestasse contra. Uma vez que Roberto desconhecia essa cláusula, não havia se posicionado e sua aplicação estava presa por outros 12 meses.
Ele se sentiu enganado. Aguentou mais um ano e, ao tentar resgatar mais uma vez, foi impedido novamente. Dessa vez, uma mudança na data de vigência fez com que ele perdesse a chance de sacar o dinheiro na data ideal. Detalhe: ele não havia sido informado sobre a alteração.
Poderia ficar pior? Sim. Em mais uma tentativa, após outro ano transcorrido e já sem paciência, Roberto pressionou a gerente pela liberação do dinheiro.
Soube, então, que era possível programar antecipadamente o resgate do valor para a data de vencimento do título. Assim, não corria o risco de perder novamente o prazo. Enfim uma solução, mas também a constatação de que essa era mais uma informação que lhe fora sonegada até aquele instante.
Com a programação do resgate, o dinheiro finalmente foi sacado e aplicado em outros tipos de investimento.
Sete anos se passaram, mas Roberto não se esquece da experiência. O desgosto de uma aplicação pouco rentável e de ter seu dinheiro retido ficou na memória.
Contudo, a sensação de ter sido induzido a um investimento que não era o melhor para a sua realidade e, mais ainda, o fato de não ter sido informado adequadamente sobre essa aplicação são os pontos que ele mais lamenta.
“Hoje, faço valer os meus direitos e questiono cada detalhe de todo produto bancário antes aderir”, afirma.
As lições
Roberto, talvez por ser muito jovem, deixou de ter uma atitude fundamental antes de qualquer investimento: pesquisar, informar-se sobre as características da aplicação antes de tomar uma decisão.
Não basta um gerente de banco sugerir. Por múltiplos motivos, a sugestão dele pode não ser a mais adequada para o cliente.
O gerente pode, por exemplo, estar sob pressão para bater a meta de venda de um produto. Além disso, as opções estão limitadas aos serviços oferecidos pelo próprio banco, não necessariamente as melhores do mercado. Portanto, não confie cegamente nas orientações desses profissionais.
Outra lição que Roberto certamente aprendeu foi que os títulos de capitalização definitivamente não são uma boa opção de investimento. O rendimento e a liquidez são baixos, uma combinação pouquíssimo atrativa para qualquer investidor. Não é à toa que foram criados sorteios de prêmios para dar ao produto um apelo de venda. Não caia nessa!
Apesar dos erros cometidos, Roberto acertou ao optar por não colocar todos os seus recursos nos títulos de capitalização. Diversificar é sempre uma boa estratégia, como já mostravam nossas avós ao recomendar que não colocássemos todos os ovos na mesma cesta.
Conte sua história
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Mariana Congo é Gerente de Comunicação da Magnetis e jornalista especializada em finanças pessoais.
(Post originalmente publicado em outubro de 2014)